O “Caminho das Tropas”, foi o primeiro trajeto que ligou por terra a Vila de Lages (Capitania de São Paulo) ao litoral da Capitania de Santa Catarina, estabelecendo uma rota comercial para o escoamento das produções. A ligação terrestre se fazia necessária para a troca entre as vilas. O espaço entre o litoral e a Vila de Lages, então desconhecido, era denominado por “sertão”, ou seja, “lugar de risco e perigo, terra de inimigos e bichos indomáveis”. (BRÜGGEMANN, 2008, p.25)
Um caminho que desvelasse o sertão da capitania de Santa Catarina deveria ter como consequência a exploração dos seus arredores, possibilitando se conhecer todas as viabilidades de utilização daqueles espaços. O alferes (antigo posto militar, equivalente ao atual de segundo-tenente) Antônio José da Costa foi designado para liderar a primeira incursão no ano de 1787. Em seu diário de viagem descrevia o que encontrava, nomeando seus “achamentos” ou “descobrimentos”. (MORAES apud BRÜGGEMAN, 2008, p. 54)
Os registros de Antônio José da Costa articularam-se entre o ato de explorar e produzir conhecimento acerca do sertão, e, como consequência, atribuíram nomes aos locais e por meio deles foi possível a confecção de mapas para a localização da picada aberta pelo alferes.
Durante este período foram necessárias duas investidas pelo sertão. Em 11 de janeiro de 1787, o alferes mais 12 homens armados, 12 escravos e sete mulas cargueiras partiram da Freguesia de São José, pelas margens do Rio Imaruí, e sem alcançar a Vila de Lages, retornaram após 81 dias. Uma nova incursão se iniciou e em 64 dias o alferes e seus homens alcançaram Lages, em 9 de agosto de 1787. Foram sete meses penetrando no desconhecido. Quais segredos revelariam aquele território?
O interior antes desconhecido agora precisava ser explorado. Havia a necessidade de povoá-lo e de explorar suas riquezas. Era traçado um novo projeto de ocupação para a região. Com a concessão de terras se iniciava um novo período. Povoados foram se formando. LUZ (1999, p. 105) descreve que até 1901 a estrada que partia da Ilha de Santa Catarina só chegava até Taquaras; daí para adiante só se podia viajar a cavalo, gastando mais quatro dias para se chegar a Lages. A primeira estrada só foi completada cinco anos depois, em 1906.
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Referências:
BRÜGGEMANN, Adelson André. Ao Poente da Serra Geral. Florianópolis, UFSC: 2008.
LUZ, Aujor Ávila da. Os Fanáticos. Crimes e aberrações da religiosidade dos nossos caboclos. Florianópolis: Imprensa Oficial, 1952.
JOCHEM, Toni Vidal. Pouso dos Imigrantes. Florianópolis, Papa-livro: 1992.