“Mecê num sabe bem, das coisas desse Sertão
De bicho, carro-de-boi e boiada
de música feita na estrada, só na base do assovio
Bota e espora, num sabe nem mesmo como calçar,
Como tocar um berrante e a boiada comandar”
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Esse são versos de um poema – Quem é esse Sertão – declamado por mim, na ocasião da 2ª Festa do Morango. Com o tempo a cópia que eu possuía se perdeu e junto a memória foi se apagando. Hoje me lembro apenas de alguns versos soltos. A ocasião pedia: era a inauguração do Monumento ao Tropeiro, que a comunidade de Taquaras bravamente ergueu para homenagear aos valentes tropeiros que outrora desbravaram essas terras.
Rancho Queimado era a antiga passagem do conhecido “Caminho das Tropas”, por onde passavam as mercadorias que transitavam entre Lages e Florianópolis. Contam relatos que aqui ficava o pouso desses tropeiros e que num certo dia, por descuido de um deles, o fogo-de-chão incendiou o rancho. Assim o local ficou referenciado pelo ocorrido, pelo rancho queimado. Desde então esse foi o nome da cidade!
Fruto de um trabalho comunitário, no alto do Morro de Navalhas construiu-se o imponente monumento que parece observar o vale abaixo. Sua presença é soberana e destaca-se na paisagem. O Vale de Taquaras surge montanhas abaixo e vai se mostrando, surge como uma pintura de ilustração de conto-de-fadas. Casas coloridas, jardins bem floridos, capela no alto da colina, flores, borboletas, etc.
Nós, crianças na época, deslumbrados pela magnitude de sua construção fomos atores desse acontecimento. Primeiro a construção da base, feita em pedras retiradas do Rio Taquaras; depois a obra do artista Plínio Verani que veio desmontada e após um longo e cuidadoso trajeto desde a Boa Vista o tropeiro pode sentar em seu cavalo, onde majestoso desde então se impõe à paisagem e reina soberano. O evento contou com a participação do recém-formado Coral Municipal de Rancho Queimado que entoou músicas compostas pelo maestro José Acácio Santana (1940 – 20011) e que mais tarde se transformaram no primeiro CD do Coral.