*A tia Selma e sua sopa. O título em alemão serve para homenagear esta grande mulher alemã que por anos manteve as crianças bem alimentadas.
Inverno pede sopa. Aquece o espírito e mantém o corpo protegido do frio.
Sabe-se hoje que já há 10.000 anos, os nossos antepassados deitavam alimentos ao seu gosto em poças de água fervente para os cozinhar. Nasceu, desta forma, a sopa. Este caldo resultante da cozedura de legumes, muitas vezes enriquecido com pão, carne ou peixe, saciou a fome de gerações ao longo dos tempos e chegou mesmo a merecer homenagem de poetas, músicos e filósofos e que agora também rende uma merecida homenagem aqui neste Portal.
As vantagens da sopa são cientificamente conhecidas: permite um melhor desenvolvimento infantil e juvenil, maior resistência a infecções e a doenças digestivas, menor susceptibilidade a prisão de ventre e menor tendência para doenças cancerígenas e de arteriosclerose. Santa Sopa!
E como falar dessa iguaria e não lembrar do tempo de infância? Do tempo em que a sopa era um ritual semanal, na merenda escolar. A famosa “Sopa da Tia Selma”. Hummmm… O segredo daquele caldeirão que era servido às crianças certamente sempre foi o amor, a alquimia de se cozinhar com paixão.
A Senhora Selma Bauer Bourdot, minha tia paterna e “tia” de toda uma geração de Taquaras, é lembrada por todos pela sua famosa sopa. Ela foi a cozinheira da Escola de Educação Básica Roberto Schütz nos tempos em que a escola ainda era um espaço familiar e afetividade, hoje apenas mais um espaço impessoal.
Faziam-se campanhas para que todos ajudassem com alguma verdura ou leguminosa. E passavam anunciando de sala em sala: “quem puder, traga amanhã batata, couve, abóbora ou outro que tiver, porque a Tia Selma fará sopa.” E o dia em que essa era servida a fila do recreio aumentava consideravelmente, além das repetições. O dia da sopa também era o dia dedicado aos estudos em contra turno. Coincidentemente, no dia que tinha sopa fazia-se necessário a nossa permanência na escola para “algum” trabalho na biblioteca. Era como conseguíamos a sopa pela manhã, ao meio dia e à tarde. Tempos bons…
O tempo passou, nós crescemos e a Tia Selma se aposentou. A escola continua servindo suas sopas, excelentes ainda, mas aquela era incomparável, hors concours. E me respondam, quem daqueles que um dia sorveu daquela sopa, hoje, ao cozinhar esse prato em casa não pensa saudosamente: “ah, que vontade de tomar uma sopa feita pela Tia Selma”? Rancho Queimado precisa ter um Festival Gastronômico da Sopa e ter por benemérita a Senhora Selma Bauer Bourdot. Schmeckt gut, bom apetite!