Um povo só tem História se ele também conhece sua Identidade, o seu passado e todo o legado que representa. O município de Rancho Queimado tem grande potencial para isso, porém lhe falta uma marca! Na historiografia catarinense a região já aparece há longos anos e séculos anteriores à sua emancipação política.
Taquaras, última linha colonial da Colônia Alemã Santa Isabel, aparece constantemente em relatos de imigrantes, em diários das paróquias e em documentos oficiais. Taquaras, durante a primeira década do século passado, fora de certa maneira, a segunda residência do governador – elevando assim a localidade como capital provisória de Santa Catarina!
Temos os traços herdados dos tropeiros, os desbravadores comerciais do ‘Caminho das Tropas’; temos as batalhas inglórias de Martinho Bugreiro e a piedade de um imigrante que poupou a vida de uma indiazinha; temos a forte presença do homem do campo, alemão, que venceu esses paredões e grotões; temos a história da indústria de refrigerantes L.Sell que se instalou aqui desde 1905; temos o período de gado leiteiro, o período madeireiro e o período cerâmico; temos os clubes recreativos como o Itatiaia Futebol Clube.
Mais recente, nos últimos anos, temos um novo estilo de vida – voltado ao cultivo de flores, de morangos. Somos a Capital Catarinense do Morango e um dos 65 Destinos Indutor de Turismo no Brasil! Realizamos eventos como a Festa do Morango, em sua vigésima edição! Somos agraciados por aqui hoje possuirmos um Patrimônio Histórico – Museu Casa de Campo Hercílio Luz. Enfim temos tudo o que os outros querem. Lembrando que a natureza nos foi generosa…
Mas qual realmente é o foco desse meu texto?
Rancho Queimado tem tudo isso, mas carece de algo que para muitos pode ser que não faça sentido! Explico-me: diante da riqueza de tanta informação, de tantas estórias e histórias, o povo daqui vai perdendo a memória e com isso morrem as culturas e as tradições. Com o esquecimento da sua própria História ficamos sem memórias e acabamos numa crise sem Identidade!
Já é mais que em tempo de o poder público abrir os olhos para essa realidade: Rancho Queimado precisa urgente da convocação de todos os seus munícipes para a criação de um centro de memória – um Arquivo Histórico Municipal, uma Biblioteca Pública, uma inteligente e bem articulada Casa da Cultura e espaços vivos de histórias e memórias.
Poderíamos ter um museu dedicado ao imigrante alemão, um museu dedicado aos bugres, um museu para os tropeiros; deveríamos já ter um vasto acervo documental sobre a cidade; um grupo municipal gestor de arte e cultura – artistas, historiadores, poetas…
Sonho? Utopia? Talvez por essas e outras que o turismo não seja o esperado. Antes de abrir a nossa casa ao visitante seria prudente que nos conhecêssemos, que adquiríssemos uma Identidade.
Temos tudo: a faca, o queijo e o melhor dos vinhos. Falta-nos a essência de pertencimento. Falta-nos uma Identidade! É isso!